sábado, 8 de agosto de 2009

Madalena Freire


“Muito cedo nasceu dentro de mim a vontade, o desejo de ser professora.Era mês de janeiro, Praia de Rio Doce, Recife, casa alugada de “Seu Franca”, muro alto, “casa moderna” – porque os móveis, mesa e cama eram embutidos na parede, ou seja eram feitos de alvenaria... . Uma verdadeira sensação!
Vivíamos nesses meses de férias um ritual à beira do mar que me fascinava! O dia começava antes de amanhecer. Minha mãe nos chamando para “ver o sol nascer” às 4:45 da manhã!... Banho de mar vendo aquela bola de fogo, imã de alegria e energia inebriante! Depois, “café com pão e manteiga”, praia, banho de mar, banho de mar. Almoço, feijão, arroz, peixe e peixe. Depois do almoço o decreto vinha: “ninguém entra no mar antes de fazer a digestão”! Só se volta à praia às 15 horas! Ai que sofrimento!
A espera do mar era consolada com a promessa de “tomar sorvete quando o sorveteiro passar...” assim, nesta tarde de janeiro, na espera do sorveteiro, sua demora nos anunciou que não viria... Desta falta nasceu uma brincadeira de sorveteiro onde minha revelação profissional aconteceu.
A função do sorveteiro era vivida, representada, de modo rodiziado. Cada um de nós tinha a vez de ser sorveteiro. Quando chegou a minha vez, encantei-me e me achei no extremo prazer em ensinar como se passava a espátula alisando a massa do sorvete para que não caísse do copo!
Somente muitos e muitos anos depois daqueles seis anos de idade, estudando sobre a importância da brincadeira, do jogo simbólico na vida de uma criança que, não foi à toa, a vontade de ser professora nasceu num momento como aquele.
Ao terminar a brincadeira corri para a casa e anunciei à minha mãe: “quero ser professora”! Desde aí começou a minha busca.”

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